Teatros Maranhense

     TEATRO  ARTHUR AZEVEDO

No início do século XIX, dois habitantes de São Luís resolveram construir um teatro.

Portugueses, ricos e empreendedores, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga escolheram o terreno e, em 1815, no Largo do Carmo, ao lado, as Ruas do Sol e da Paz, e aos fundos, a Travessa do Sineiros, a construção foi iniciada.
Logo os dois comerciantes portugueses perceberam que, além de empreendedroes, precisariam ser, sobretudo, corajosos. É que no Largo do Carmo predominava, imponente, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e os padres carmelitas, seus proprietários, de forma alguma poderiam adimitir a vizinhança de uma casa de espetáculos profanos.

O obstáculo, crescente a cada dia, tornou-se intransponível, embargando a construção da obra tão ansiosamente esperada pelos maranhenses.
Após inúmeros debates e consequentes demoras, a situação cada vez mais complicada, resolveu-se que ao juízo especial caberia a última palavra.

A última palavra do Padre Antonio Ferreira Tezinho condenou a obra a não abrir as portas para o Largo do Carmo. Elas forma abertas, então, para a Rua do Sol, estreita, pouco ventilada, e o prédio tornou-se acanhado, com acesso difícil e sem possibilidade de estacionamento próprio. Mesmo perdendo a batalha para a 
ordem do Carmo, os empreendedores e corajosos portugueses, não desistindo da guerra, comemoraram, no dia 1º de dezembro de 1816, a Restauração de Portugal, com um espetáculo gratuito para o povo que conheceu por dentro o Teatro ainda inacabado.

Meses depois, no dia 1º de junho de 1817, oficialmente inaugurado com o nome de Teatro União - homenagem à elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarve - , um espetáculo com a Companhia Dramática de Lisboa encantava os maranhenses.
Depois de inaugurado o Teatro União viveu um período próspero, conhecendo o apogeu com a seguida apresentação de companhias européias que saciavam o interesse quase nativo da população de São Luís pela cultura e pelas artes.

Ao apogeu seguiu-se o declínio, consequência de má administração e de direção artística deficiente, e, de 1841 a 1845, ensaiando uma resistência, o Teatro União foi alugado à Sociedade Dramática Maranhense.
Frustradas as tentativas de sobrevivência, e com um público cada vez mais escasso, a casa de espetáculos, fechada em 1848, foi reaberta quatro anos depois, com o nome de Teatro São Luís. E, na noite de 26 de abril de 1854, o primeiro Baile de Máscaras, por ser um acontecinento inédito, geraria intermináveis discussões e debates entre a população.

Ainda naquele ano, outro fato, acontecido no camarim número um, passaria para a história de São Luís. Com a amplicação do palco, mesmo recuado de seu local de origem, o camarim ainda conserva sua placa de mármore: "Neste camarim nasceu a 21-6-1854 e nele se preparou doze anos depois, a 21-6-1866, para sua estréia no papel da Ingênua ´A Cigarra de Paris´, a imortal atriz Apollonia Pinto, glória que o Maranhão projetou para o teatro brasileiro, falecida no Retiro dos Artistas no Rio Janeiro, a 24-11-1937. São Luís, 1940".

No governo de Urbano Santos, na segunda década do século XX, o Teatro mudou outra vez de nome em homenagem ao Príncipe dos Teatrólogos Brasileiros, Arthur Azevedo, nascido em Caxias, Maranhão, em 1855, irmão de Américo e Aluísio, que também enriqueceu a literatura brasileira.
Com a chegado do cinema, o Teatro Arthur Azevedo, a exemplo de todas as outras casas do gênero, viu seu público diminuir gradativamente, até quase desaparecer. Era a busca do novo, inevitável.
Inevitável também se transformasse em cinema, e foi o que aconteceu.

Em 1932, doado ao Município pelo governo de S. Da Mota, assim permaneceu durante anos, voltando ao Patrimônio Estadual em 1965, no governo de Newton Bello. Ainda nesse mesmo mandato, o Teatro Arthur Azevedo passou para as mãos do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura.
Nos últimos anos, o Teato Arthur Azevedo sofreu várias transformações, algumas cuidadosas, outras nem tanto. Em 1966, a Secretaria de Viação e Obras Públicas, terminou as obras de restauração e o cenotécnico Silvio da Silva Couto encerrou o trabaho de reequipamento cênico. O Teatro foi reaberto em 1968 com a montagem de "Abrão e Sara", por artistas amadores do Maranhão.
Em 1978, a Fundação Cultural do Maranhão e o governo estadual restauraram as instalações e aparelhos de ar condicionado, repararam a pintura e realizaram serviços de limpeza geral.

 Teatro João do Vale

De origem humilde, João sempre gostou muito de música, aos 13 anos se mudou para São Luís. Em 1964 estreou como cantor. Suas principais composições são: Carcará em parceria com José Cândido e imortalizado na interpretação de Maria Bethânia, Peba na pimenta com Adelino Rivera ePisa na fulô com Silveira Júnior.

Biografia

João Batista do Vale desde pequeno gostava muito de música, mas logo teve de trabalhar, para ajudar a família. Aos 13 anos foi para São Luís MA, onde participou de um grupo de bumba-meu-boi, o Linda Noite, como "amo" (pessoa que faz os versos). Dois anos depois, começou sua viagem para o Sul, sempre em boleias de caminhões: emFortaleza CE, foi ajudante de caminhão; em Teófilo Otoni MG, trabalhou no garimpo; e no Rio de Janeiro RJ, onde chegou em dezembro de 1950, empregou- se como ajudante de pedreiro numa obra no bairro de Ipanema.

Passou a frequentar programas de rádio, para conhecer os artistas e apresentar suas composições, em maioria baiões. Depois de dois meses de tentativas, teve uma música de sua autoria gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Em 1953, Marlene lançou em disco Estrela miúda, que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria. Em 1964 estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a ideia do show Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro.

 Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará (com a participação de José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora. Como compositor, em 1969 fez a trilha sonora de Meu nome é Lampião (Mozael Silveira). Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou em 1973 Se eu tivesse o meu mundo (com Paulinho Guimarães) e em 1975 participou da remontagem do Show Opinião, no Rio de Janeiro.